quinta-feira, 22 de abril de 2010

Adultério emocional

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O adultério tem invadido a nossa sociedade com uma força jamais
anteriormente conhecida. O assunto é inevitável. Televisão, cinema e
canções tem explorado com maestria as tramas desenvoltas num
relacionamento triangular. Há não muito tempo atrás, Calvin Klein
lançou a sua famosa fragrância “Eternity” (eternidade), apostando
com este nome na duração do seu produto. Atualmente, ele também
está vendendo como nunca a sua nova fragrância “Escape” (fuga),
insinuando com este nome a fragilidade das relações traduzidas nas
famosas escapadas fora do casamento.

Os escândalos de ordem social não são mais apenas prerrogativas de
jornais. Em anos recentes, até mesmo as publicações denominadas
“responsáveis”, tem penetrado nos enlameados escândalos de famílias
famosas. A imprensa mundial não vinha dando tréguas aos membros
da família imperial inglesa, fazendo com que Charles e Diana,
Andrew e Fergie
se tornassem foco da atenção mundial. O record
de audiência na TV inglesa foi alcançada pela chamada “Confissão
de Diana”
, quando praticamente a Inglatera parou para ver e ouvir
a princesa falar sobre o seu problemático relacionamento com
Charles
, a presença de Camila e o seu próprio envolvimento sexual
com uma outra pessoa.


Uma recente pesquisa sobre adultério publicada em uma revista
americana de psicologia, demonstrou que 92% dos entrevistados
acreditavam que a monogamia é algo de “grande importância”.
Porém, 45% dessas mesmas pessoas admitiram o seu envolvimento
em uma relação ilícita, com a quebra dos seus próprios votos
matrimoniais.

Não faz muito tempo, recebi a noticia de que um pastor amigo,
um homem de notáveis talentos, teve subitamente o seu ministério
e a sua vida arrasados por um envolvimento em adultério. Seu
ministério está literalmente destruído, seu nome enlameado, sua
própria saúde abalada e a família em frangalhos. Histórias como
essa tem se repetido centenas de vezes dentro da comunidade
cristã e, confesso, o meu coração se quebra todas as vezes em que
ouço algo assim.

Estou absolutamente convencido de que, se por um lado essas
noticias nos apanham de surpresa, por outro, sei que houve todo
um processo sendo desenvolvido, possivelmente ao longo de
muitos anos. Também estou convencido de que, para cada líder
cristão famoso que cai ao longo do caminho sob o escrutínio da
mídia, existe uma quantidade enorme de outros totalmente
desconhecidos que estão se afastando voluntariamente, ou estão
sendo banidos dos ministérios em função da impropriedade na
área sexual.


Meus anos de ginásio me ensinaram alguma coisa sobre reação
química. Aprendi: quando certas substâncias entram em contato
com outras, fatalmente haverá uma reação. Tenho aprendido
desde então, que as pessoas não respeitam as leis químicas.
Elas misturam voláteis ingredientes sem dar o devido tempo
para avaliar as conseqüências. Muitos casais não compreendem
que uma reação química pode ocorrer quando um dos cônjuges
se relaciona com alguém que não seja o seu próprio. Por favor, não
me interprete mal. Não estou me referindo necessariamente a uma
atração sexual. Estou me referindo a uma reação de dois
corações
, uma química que envolve duas almas. É o que chamo
de adultério emocional. Uma intimidade com o sexo oposto
além
da fronteira do casamento.


Adultério emocional é uma infidelidade do
coração. Quando duas pessoas começam a
falar das suas lutas íntimas, das inquietações
dos seus corações, suas dúvidas e incertezas,
é bem possível que elas estejam compartilhando
as suas próprias.



Há algum tempo atrás, um pastor me confessou: - “Já não amo
minha esposa, estou apaixonado por uma moça da minha igreja.”
Olhei nos olhos daquele companheiro da mesma maneira como
tenho olhado detidamente nos olhos de muitos outros com quem
tenho conversado abertamente sobre essa matéria. Eu tenho
descoberto que, na maioria dos casos, um
relacionamento adúltero teve início em um
encontro casual dentro da própria igreja.



Uma reação química toma lugar. Ele fala da sua frustração em casa,
ela compartilha uma reação similar e em pouco tempo as emoções
passam a ricochetear com uma rapidez intensa, e corações passam
a experimentar uma ligação emocional irresistível.

Via de regra, o adultério não se dá por acaso. Antes, há uma
história, norteada por passos claros e definidos. Você pode estar
convergindo em direção a um adultério quando os seguintes passos
são dados:

* Você tem uma necessidade que o seu cônjuge não está preenchendo.
Necessidade de atenção, aprovação ou afeição. Se um desses requisitos
não são preenchidos, um dos cônjuges então começa a buscar em alguém,
ainda que inconscientemente, a satisfação de uma destas brechas.

* Você começa a se sentir mais confortável em se “abrir” com alguém
que não seja o seu cônjuge. As dificuldades do dia são compartilhadas
com certo prazer em um almoço, um encontro, uma carona no
carro
ou através de correspondência, via e-mail, etc.

* Você começa a falar com alguém sobre problemas e frustrações
que
tem vivido com seu cônjuge.

* Você começa a procurar razões para justificar esta sua relação
de
proximidade com uma outra pessoa, a fim de se sentir mais confortável
com sua consciência. Neste processo de auto justificação, você inclusive
busca razões espirituais que justifiquem suas atitudes, tais como: é da
vontade de Deus falar honesta e abertamente com uma outra pessoa cristã.

* Você começa a sentir um intenso desejo de estar perto desta pessoa.

* Você esconde do seu cônjuge o relacionamento que está tendo
com essa pessoa, ainda que o processo esteja somente em nível
de conversa.



Quando você se encontra conectando-se com uma outra pessoa que não
seu marido ou esposa, certamente já iniciou-se uma jornada que
freqüentemente termina em adultério ou divórcio. A questão porém, é:
como você pode se proteger e guardar-se puro
num contexto desses?


1 - Tome Precauções

Certo pastor viu-se atraído em seus pensamentos por uma jovem
funcionária da sua igreja. Depois de meses de racionalizações, ele
finalmente admitiu a si mesmo que estava constantemente buscando
razões para se encontrar com aquela pessoa. Ele resolveu assumir a
seguinte postura: “Eu só me encontrarei com ela quando for
apenas
e estritamente necessário, e gastarei apenas um
tempo mínimo
. Só nos encontraremos no escritório, e tanto quanto
possível na companhia de outras pessoas.” Com o passar de
alguns meses, seu relacionamento com aquela pessoa voltou ao
estado original, um relacionamento saudável, da mesma maneira
como para com outras colegas de trabalho.

Algumas precauções dentro deste processo devem ser incluídas, até
mesmo posições mais radicais, como por exemplo as de Rick
Warren
, um dos mais bem sucedidos pastores dos Estados Unidos.
Após assistir a tantas quedas morais, Rick se sentou e escreveu os
Dez Mandamentos para a sua equipe de trabalho.

1 - Não visitar pessoas do sexo oposto a sós.
2 - Não aconselhar pessoas do sexo oposto a sós no escritório.
3 – Não aconselhar pessoas do sexo oposto mais de uma vez
sem a presença do cônjuge.
4 - Não tomar refeições a sós com pessoas do mesmo oposto.
5 - Não beijar pessoas do sexo oposto ou demonstrar atos de
afeição que possam ser questionados.
6 - Não discutir detalhes de dificuldades de ordem sexual
com pessoas do sexo oposto, quando em aconselhamento.
7- Não discutir detalhes de problemas de ordem sexual do
seu casamento com pessoas do sexo oposto.
8 - Muito cuidado ao responder cartões, cartas ou bilhetes
a pessoas do sexo oposto.
9 - Faça da sua secretária a sua protetora aliada.
10 - Ore pela integridade moral de outros membros da equipe.

Estas posições certamente podem nos levar a suspeitar de toda e
qualquer relação com o sexo oposto, o que nos criaria perspectivas
doentias. Um simples beijo no rosto, ou qualquer ato de afeição,
não pode estar envolta o tempo todo dentro de precauções. O excesso
de precaução pode nos levar a desenvolver uma mente maldosa,
que vê o pecado a que buscamos evitar nos gestos mais simples.
Em que pese tudo isso, essas precauções devem nos chamar a
atenção para cuidarmos melhor desta área de nossa vida.

Dietrich Bonhoeffer, em seu livro, “Tentações” declara:
Quando a cobiça assume o controle, Deus se torna irreal para
nós. Bonhoeffer está absolutamente correto. Quando cobiça
e paixão sexual ilícitas passam a nos consumir, ao mesmo
tempo, Deus passa a ser uma presença opaca, distante e
irreal. Surgem as racionalizações, nos tornamos insensíveis
a uma tragédia que pode estar prestes a tomar lugar.

Estou convencido de que o primeiro passo a ser tomado, com
o objetivo de derrotar a tentação sexual, é simplesmente
fugir dela. Creio que exatamente isso que Paulo estava
comunicando a Timóteo quando lhe disse imperativamente:
“Foge das paixões da mocidade” (II Timóteo 2:22)
A mesma recomendação foi dada à igreja em Corinto: “Fugi
da impureza!” Em outras palavras: não se coloque numa
posição na qual tenha de testar sua própria resistência.
Excelentes ilustrações destes momentos de tentação seriam:

Capítulo I
“Andei por uma rua. Havia um buraco profundo na calçada.
Caí dentro do buraco. Estou perdido. Não tenho nenhuma ajuda.
Porém, a culpa não é minha. Vai levar muito tempo para eu sair
daqui.”

Capítulo II
“Andei pela mesma rua. Havia um buraco profundo na calçada.
Fingi que não vi. Caí novamente. Não posso crer que estou no
mesmo lugar, mas a culpa não é minha. Vai levar muito tempo
para eu sair daqui.”

Capítulo III
“Andei pela mesma rua. Havia um buraco profundo na calçada.
Vejo que o buraco está ali. E, ainda assim eu caio dentro dele.
Isso se tornou um hábito. Meus olhos estão abertos. Sei onde
estou. A culpa é minha. Vou sair daqui imediatamente.”

Capítulo IV
Andei pela mesma rua. Havia um buraco profundo na calçada.
Eu passei de lado.”

Capítulo V
“Fui por uma outra rua.”

Tenho conversado com alguns líderes que caíram em adultério,
e eles, de um modo geral, tem expressado uma certa surpresa em
relação a como tudo aconteceu. Falam como se tivessem sido
levados por uma irresistível força da natureza.

Porém, é bom lembrar, ninguém cai em um precipício se
mantiver
uma distância segura. Mas, ao invés disso, eles
se chegam cada vez mais ao abismo, até o momento onde o
perigo acaba se tornando uma ameaça mortal.

2 - Preste Contas da Sua Vida a Alguém.

Talvez esta seja a área que mais se fala e menos se pratíca. No
meu contato com líderes cristãos, tenho chegado a uma conclusão:
quanto mais proeminentes se tornam, mais necessidade tem de se
prestar contas da sua vida. Porém, infelizmente, é o inverso que
ocorre. À medida que a igreja cresce, ou o ministério se expande,
freqüentemente o líder passa a conhecer as pessoas num nível
ainda mais superficial, com os que estão ao seu redor assumindo
o seguinte raciocínio: “Quem sou eu para questionar se a decisão
que ele está tomando é a melhor ou não?” O fato é que muitos
pastores, em igrejas pequenas, também se sentem isolados e
solitários no que se refere à tentação na área sexual.

Já faz alguns anos que estabeleci um sistema de prestação de
contas da minha vida a um grupo de reduzido de companheiros.
Eles são meus amigos e estamos comprometidos uns com os
outros nos “regozijos e sofrimentos”, (I Cor.12:26). Nos
abrimos, falando sobre o estado espiritual de nossas vidas.
Compartilhamos alegrias, lutas e tentações. Confesso que
nem sempre é agradável receber o telefonema de um deles,
questionando uma determinada área de minha vida pessoal.
Mas é compromisso com Deus e com eles ser aberto,
vulnerável e transparente. Afinal, estes indivíduos, dentro
do Corpo de Cristo, são instrumentos de cura para a minha
própria vida.

Estou absolutamente convencido de que a arma mais eficiente
que o inimigo tem em suas mãos é a de manter os cristãos
distantes uns dos outros. Quando não prestamos contas da
nossa vida a alguém, quando não mais falamos sobre as
questões que realmente afligem a nossa alma, passamos a
viver a síndrome de ilha, e fatalmente nos tornamos
vulneráveis a uma série de mazelas. Tiago estava
absolutamente correto quando afirmou: “Confessai, pois,
os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros,
para serdes curados.” (Tiago 5:16).

Aprendi há muito tempo atrás, que, para ser vitorioso na vida
cristã, não apenas preciso da ação do Espírito Santo, mas também
da ajuda dos meus amigos. Preciso, indispensavelmente, do poder
do Espírito Santo, mas também da confiança e do amor de alguns
irmãos que possam me fazer perguntas difíceis como: - “Nélio,
você está investindo tempo em Deus? Como vai a sua vida mental
(pureza)?; Tem abusado do seu poder como líder?; Tem andado
em obediência a Deus; Tem mentido prá mim, em algumas das
perguntas anteriores que lhe fiz?”

Howard Hendricks, há alguns anos atrás, afirmou que, segundo
sua observação ao estudar um grande número de líderes que
fracassaram moralmente, existem três denominadores comuns,
e pelo menos um deles está presente em cada caso estudado:

1) Esses indivíduos não gastavam tempo com Deus
2) Não prestavam contas da sua vida
3) Eles nunca imaginaram que isso poderia acontecer com eles.

Quando me deparei com essa afirmação, confesso, me apavorei.
Inicialmente, meu raciocínio foi:


- “Ei! Tenho uma esposa maravilhosa, tenho um bom casamento,
amo a Deus, isso nunca poderá acontecer comigo.” Porém, me
dei conta de que existem muitos companheiros que amam tanto
a Deus como eu, estão servindo a Deus de uma maneira muito
mais eficiente do que eu e, ainda assim, em algum tempo, em
algum lugar, eles caíram. Ao pensar nisso, acabei me
transformando num covarde. Tenho um temor tremendo de
uma queda moral e não me envergonho de admitir. E, como
fruto desta reflexão, quero lhe dar o terceiro passo prático
de como evitar uma química errada.

3 - Considere o exorbitante preço da queda.

Todas as vezes em que me sinto particularmente vulnerável a
uma tentação de ordem sexual, começo a “ensaiar” na minha
mente quais seriam as conseqüências desta queda. Tenho
pensado em algumas delas:

Ferir o Senhor, que me redimiu, e trazer o Seu nome à lama.
• Ter que um dia olhar na face do Senhor Jesus, o Justo Juiz, e responder
pelas minhas ações.
• Seguir os passos daqueles que caíram e tiveram os seus ministérios
destruídos.
Causar uma dor incalculável à Tereza, minha grande amiga
e leal companheira
.
Ferir os meus amados filhos Léo, Marcus e Michael.
Arrasar a minha imagem e credibilidade diante dos meus filhos
e anular totalmente meus esforços de ensiná-los a obedecer a Deus (Por
que obedecer um homem que nos traiu e à nossa mãe?). Certamente,
assim raciocinariam.
Se a minha cegueira persistir ou minha esposa for incapaz
de me
perdoar, talvez venha perder minha esposa e filhos
para sempre.

Perder o respeito próprio.
• Adquirir um tipo de culpa terrivelmente difícil de ser anulada (Ainda
que Deus me perdoe, eu me perdoaria?).
Memórias que para sempre permeariam minha mente e
que seriam uma constante ameaça na intimidade com minha
esposa
.
• Perda de anos de investimento em treinamentos e experiências
adquiridas ao longo do tempo. Talvez permanentemente.
• Prejudicar consideravelmente o trabalho de outros fiéis homens de
Deus na minha cidade.
Trazer um grande prazer e satisfação a Satanás, o grande inimigo
de Deus e de tudo que é bom e puro.
Dificuldades para sempre com a pessoa que cometi adultério.
• Possíveis conseqüências físicas de doenças venéreas ou mesmo a
AIDS
. No caso de AIDS, a possibilidade de infectar a minha esposa e ser
o causador da sua morte.
Possibilidade de uma gravidez que resultaria para todo o sempre
numa lembrança do meu pecado.

Eu espero que a crua e franqueza demonstrada neste artigo
tenha
sido de algum benefício a você. Não me foi fácil articular
esta matéria e fazer frente a este tópico. Porém, meu compromisso
pessoal é o de ser honestos e íntegro na análise de meus erros e
acertos.




Se você está próximo demais de alguém
de quem não deveria estar, e sabe que
sua resistência está nas últimas, mas,
ainda assim, tenta se convencer de que
tem o controle da situação, então, por
favor, ouça: humilhe-se diante de Deus,
ajoelhe-se, fale com o Senhor, confesse
o que realmente está se passando com o
seu coração.


Deus está pronto para restaurá-lo e, sabemos, é o Senhor
que nos convida ao caminho da restauração. Todos nós
estamos em meio a uma batalha. Deus está lhe convidando
a uma vida bem sucedida. Uma vida bem sucedida não
consiste necessariamente em ser pastor de uma grande
igreja, escrever livros e ser mencionado na galeria dos
famosos líderes da atualidade. A minha definição de vida
bem sucedida é a seguinte: Ser bem sucedido é gozar do
amor e do respeito daqueles que estão mais próximos de
mim.

Vivemos com a constante possibilidade de criarmos uma
reação química capaz de explodir nosso casamento, nossa
família e nosso ministério. De fato, estamos diante de uma
grande batalha. Uma batalha impiedosa e estratégica, que
nem mesmo Alexandre ou Napoleão jamais enfrentaram.
Temos que, de uma vez por todas, compreender que
ninguém pode se preparar para uma batalha que
não é
conhecida, e muito menos sairmos vitoriosos
de uma batalha para a qual jamais nos preparamos.



Nélio DaSilva
Coordenador Nacional - Homens de Valor
Mocidade Para Cristo - Brasil

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