domingo, 12 de dezembro de 2010

Manifesto Jovem


José Reinaldo*

Há um desejo geral, um sentimento que é comum a todos nós. Há uma esperança que não dorme e que não nos deixa ficar de braços cruzados diante do grande desafio de mudar o mundo mudando mundos individuais. Comungamos da mesma oração, do mesmo projeto ousado, que muitas vezes se apresenta como “alucinações” e que não sabemos distinguir ao certo, mas que nos cativa, tanto aos que estão perto quanto aos que estão longe. É o mesmo som todas as manhãs, o mesmo clamor que vem de dentro, como um grito desesperado de uma mãe que está prestes a colocar um filho no mundo: “Revolução já”!

É preciso deixar as idéias fluírem pelo rio comum da compaixão e do amor concreto de Deus. É necessário que as nossas “alucinações” diárias se convertam em projetos palpáveis e exeqüíveis que revelem a ação de jovens engajados com a causa do Reino de Deus e comprometidos com essa sociedade. É de vital importância que compreendamos o valor do sagrado na face esfarrapada dos excluídos e, mais que isso, precisamos ver o Cristo a resplandecer de gratidão no ato transformador de nossas mãos em favor do próximo. Por isso, chega de ritos e liturgias paralisantes. Não queremos mais uma fé institucionalizada que aprisiona e aliena. Chega de burocracias eclesiais e formalidades no trato com o Deus-homem que está perto de todos os que o invocam em verdade. Damos um basta ao amor que tem hora e lugar para acontecer. Que a norma e a forma não emperrem a ação criativa dos que lutam pela mudança. Destruam os templos e edifiquem corações santos já! A igreja local deve pensar a comunidade a sua volta. Ela deve propor soluções criativas para os problemas de uma sociedade corrupta e superficial. A igreja local deve ser o núcleo de iniciativas em favor das pessoas e não um clube social cujos membros se encontram todos os finais de semana para uma celebração vazia de significados. Chega de uma fé apartada da vida social e das debilidades humanas. A presença da igreja no mundo deve fazer sentido aqui e agora e não depois.

Eis o convite da inconformação para respondermos a um século que tenta nos moldar segundo os seus preceitos. Eis a convocação para uma luta a ser travada no terreno do cotidiano árido de nossas vidas. Eis o desafio para deixar o nosso caminho seguro e nos achegarmos àqueles que estão à margem dessa estrada.

Enquanto jovem, não quero que essa oportunidade se perca! Não quero que os anos passem e revelam o quão bom eu poderia ter sido se fosse um pouco mais corajoso e abnegado. Não quero que essa oportunidade passe de mim e só me reste o lamento por aquilo que não fiz.
Antes que os dias difíceis cheguem e se aproximem os anos sombrios; antes que se rompa o cordão de prata, ou se quebre a taça de ouro; antes que o senhor dos talentos retorne e me cobre o que devo; antes que minha candeia se apague e a noite me alcance... Antes que o futuro me engane e se torne um passado distante, eu quero me lembrar e dizer sim ao chamado de todos os dias. Digo sim à vocação que é feita a partir da realidade cruel de injustiças e opressão, um chamado que vem do sofrimento dos pequenos e do clamor dos órfãos. Digo eis me aqui à voz que me chama do olho do furacão e me convida ao envolvimento integral com os seres humanos.
Que o amor seja mais que um discurso, que se torne uma causa. Que nossas reuniões sejam mais que uma aglomeração sem sentido, que se tornem momentos de escuta àquilo que o Senhor deseja. Que a Bíblia além de ser um livro sagrado se torne carne e sangue, palavra transformadora que flua em nós e para fora de nós. Que a adoração deixe de ser uma mera repetição de canções e se torne um estilo de vida. Que a nossa ação para além dos muros supere a distribuição de cestas básicas e sopões, pois a sociedade tem fome e sede de justiça!

Portanto, o que precisamos é de uma revolução do coração, pois a mudança tem de acontecer de dentro para fora, impactando o mundo. Ora, e o que seria mais impactante do que um coração acolhedor, livre e comprometido com Deus e com pessoas reais?


*Presidente UMP/2011 1ª Igreja Presbiteriana de Taguatinga

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

PROJETANDO 2011

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Juventude, Amor e Mudança

Juventude, Amor e Mudança:

Aprendendo com o fim para transformar o presente



[...] Em verdade vos digo que,

sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos,

mesmo dos mais pequeninos, a mim o fizeste. (Mateus 25:40)

O cristianismo da moda nos ensinou, direta ou indiretamente, que uma vida cristã só vale a pena quando Deus nos abençoa com coisas. Como filhos do Rei, devemos desfrutar de todas as benesses materiais da vida. Por isso, é preciso determinar, tomar posse, encostar Deus contra a parede, pois a presença divina se manifesta em “sinais” claros de riqueza, luxo e fama. Se não houver nada disso, não serei nada daquilo que se declara nos púlpitos.

Outro ensinamento que interiorizamos é a concepção de que tudo está bem quando freqüentamos todas as reuniões da igreja, quando somos vistos por todos, quando nossa piedade é explicitamente presente entre os olhares daqueles que nos cercam. O que importa aqui é a quantificação dos meus atos autojustificadores como uma condição salvívica do contrato que fiz com Deus: vale quantas vezes oro por dia, se freqüento assiduamente os cultos dominicais, o quanto sei a respeito dos dogmas da igreja etc.

Sem falar também que esse tipo de cristianismo produz crentes alienados e desconectados da realidade humana. Muitos se embrenham na busca por experiências metafísicas mirabolantes como se Deus estivesse somente do lado de lá. O nosso próprio comportamento prova essas abstrações. Assim, acabamos afirmando categoricamente a superioridade da religiosidade sobre as necessidades da humanidade. Se o lado de lá é melhor do que o de cá, logo não é preciso se preocupar com o ser humano que está precisando de mim nessa dimensão.

De uma maneira ou de outra, reproduzimos em nossa vida tais ensinamentos e concepções e acabamos definindo o que vale e o que não vale a pena na caminhada da existência. O ter em detrimento do ser, a aparência em vez do conteúdo e o domínio da desconexão da realidade sobre o comprometimento em servir pessoas reais.

O texto de Mateus 25:31-46, que relata o Grande Julgamento nos mostra ensinamentos completamente diferentes. O texto nos instiga a começar do final para determinar o que é precioso para a vida cristã e isso na ótica do próprio Deus. Naquele dia não seremos argüidos a respeito da nossa conta bancária, dos “sinais” comprobatórios de sua presença conosco. As barganhas e os contratos que fizemos não terão nenhum valor diante Dele. Da mesma forma, não seremos questionados sobre nossa assiduidade nas reuniões eclesiais. O clube chamado “igreja” perderá o seu status e seu valor social. As nossas “viagens” espirituais perderão também sua validade. As abstrações darão lugar a concretude de nossos atos de amor ou de omissão. O Grande Julgamento será o julgamento do amor, pois as profecias serão aniquiladas, as línguas cessarão e a ciência desaparecerá (conf. I Co 13:8). O amor será a nossa testemunha naquele grande dia, para o bem ou para o mal.

Jesus se apresenta como o grande beneficiado de nossas ações de misericórdia. Ele mesmo diz que quando suprimos a necessidade de alguém, seja ela de qualquer ordem, isto fazemos para o benéfico dele mesmo. Ao fazermos algo em favor de alguém fazemos para Jesus. A mesma lógica serve para provar a ação contrária; se me nego a fazer o bem concreto a alguém, estou dizendo não ao pedido necessitado do Senhor. Assim, serei julgado pelo bem ou pelo mal que fiz ao próximo. E muitos podem questionar: mas nunca fiz mal a ninguém! Mas a omissão também conta, pois não é suficiente saber sobre o bem, é preciso concretizá-lo em atos de misericórdia!

E o que isso tem a ver com a nossa mocidade? Qual a relação dessa palavra com a reestruturação de nossa identidade enquanto UMP? Podemos aplicar essa verdade ao nosso projeto para o ano que vem e para nossas vidas particulares? Podemos aprender muitas coisas com esse texto, as possibilidades são infinitas. Mas três dimensões aqui são importantíssimas para nossa caminhada enquanto membros desse corpo.

1 – Ação intra-eclesial: Devemos ser um núcleo de transformação das relações. O que importa não é o que o outro pode me dar, mas sim, o que posso dar a ele. Qual benefício pode ser feito em seu favor? O verdadeiro avivamento começa quando o amor é priorizado em nossas relações. Esse é o caminho sobremodo excelente! A revolução que precisamos é a do coração, que trás o Deus Real para conviver com as realidades diversas da natureza humana através de atos simples em favor do próximo.

2 – Ação intra-UMP: A mocidade precisa ser um ponto de encontro, um lugar onde há a confluência de nossas experiências de vida. Queremos ser um grupo onde as pessoas se sintam acolhidas e aceitas. É preciso fazer com que os jovens venham naturalmente para nossos encontros, e isso, pelo simples gosto de estar perto. Precisamos estar dispostos a suprir as necessidades do outro, que muitas vezes se revelam como carências afetivas, espirituais e relacionais. É necessário enxergar Jesus no jovem que vem até nós. Só nos engajamos quando nos sentimos parte!

3 – Ação na sociedade: Nossa mocidade precisa enxergar o mundo na ótica de Deus. No dia do Grande Julgamento Jesus virá em sua glória, com seus anjos e se assentará sobre o seu trono. Contrariando os costumes reais de nosso mundo, seus olhos não estarão sobre os nobres de plantão. Sua atenção estará voltada, como sempre esteve, para aqueles que são considerados os esfarrapados desse mundo, os que passam fome, os que são peregrinos, os doentes, os encarcerados... Ele será a voz daqueles que nunca tiveram vez! E esse deve ser o nosso papel enquanto jovens que estão no mundo. Nossa ação enquanto Igreja deve fazer sentido aqui e agora.

A nossa inconformação com esse mundo e com o tipo de cristianismo equivocado que nos molda deve ir de encontro às atitudes de transformação que todos nós desejamos. A transformação da realidade acontece quando o pão alimenta o faminto, quando a água mata a sede do sedento, quando há acolhimento e um sorriso de seja bem vindo em nosso rosto e coração. A transformação acontece também quando nossa presença é o suficiente para curar o doente da alma ou para ser companhia daqueles que estão em celas, cujas paredes são feitas de solidão e desesperança. A igreja local não é o campo propriamente dito, antes, é o ponto de partida do amor concreto de Deus. Nós, jovens, somos os agentes desse amor, fortes, como os braços de um pai que acolhe seus filhos! Amém!


josé reinaldo

presidente eleito ump primeirona

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

30/10/2010

SÁBADO AGITADO!!!
PARTICIPE DAS PROGRAMAÇÕES!!!!




quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A IMPACIÊNCIA E SUAS CONSEQÜÊNCIAS

sintomas ansiedad







Por: Humberto Xavier Rodrigues
13/06/2010

E disse Sarai a Abrão: Eis que o Senhor me

tem impedido de dar à luz, toma, pois, a

minha serva; porventura terei filho dela.

E ouviu Abrão a voz de Sarai.

Gênesis 16:2.



Aqui vemos a incredulidade lançando suas

sombras sobre o espírito de Abraão,

afastando-o do caminho da fé na palavra

de Deus. Eis que o senhor me tem impedido

de dar à luz. Estas palavras revelam a

impaciência e a ansiedade usuais decorrentes

da incredulidade. No caso especifico de

Abraão, ele deveria ter considerado o que

Deus tinha dito e, deste modo, esperar

pacientemente no Senhor, o cumprimento

da promessa graciosa.



O coração, naturalmente, prefere tudo,

menos esperar. Lançará mão de qualquer

expediente, qualquer plano, qualquer

recurso, em vez de aguardar firmemente

o cumprimento da Palavra de Deus. Uma

coisa é crer numa promessa, outra coisa

é esperar a sua realização.



A palavra grega diástema indica o intervalo

de tempo entre o inicio de um desejo até

vê-lo realizado. O significado desta palavra

pode ser exemplificado na vida de uma

criança. Se você prometer ao seu filho

alguma coisa, ele com certeza, não

duvidará da sua palavra, contudo, você

verá o quanto ele andará agitado e

ansioso até que você cumpra o prometido.



Entre os adultos tal coisa também acontece.

Ninguém pode dizer que nunca se comportou

como uma criança. Vemos que no capitulo 15

Abraão evidencia sua fé: E creu ele no Senhor,

e imputou-lhe isto por justiça. Gênesis 15:6.

Todavia, no capitulo 16, falha ao exibir sua

impaciência: E ouviu Abraão a voz de Sara.

Abraão creu, porém, falhou por não esperar.


Aqueles que estão no "terreno" da fé, isto é, os

que confiam suas vidas às mãos do Senhor,

devem saber que a confiança está intimamente

ligada ao conhecimento experimental que o

coração tem de Deus. A nossa apreciação,

bem como a nossa confiança em Deus

dependem do nosso conhecimento Dele.



Em ti confiarão os que conhecem o teu nome:

porque tu, Senhor, nunca desamparaste o que

te buscam. Salmos 9:10.



No entanto, as palavras de Sara ao dirigir-se à

Abraão revelam o quanto ela desconhecia

o Senhor: "O Senhor faltou-me; talvez que a

minha criada egípcia possa servir de meu

recurso". Tudo serve - menos Deus - para

um coração que está sob a influência da

incredulidade.




É verdadeiramente "admirável" vermos as

ninharias às quais recorremos quando

perdemos a noção da Graça de Deus, da

Sua fidelidade infalível e de Sua

indubitável suficiência. Quando perdemos

de vista tudo isto, perdemos aquela

condição calma e tranqüila tão necessária

às nossas vidas e, começamos a dar

preferência a expedientes ou, recorremos

a meios que consideramos convenientes

para atingir nossos objetivos.



Porém, coisa amarga é nos afastarmos do lugar

de absoluta dependência de Deus.



As conseqüências são certamente desastrosas.

Se Sara tivesse dito: "a natureza faltou-me, mas

Deus é o meu recurso", como tudo teria sido bem

diferente! A natureza - quer velha quer jovem -

é a mesma para Deus. Quando a nossa atenção é

desviada do Centro, que é Deus, somos compelidos

a experiências desastrosas.



Quando Deus faz uma promessa Ele não a

vincula a qualquer reciprocidade. Ele a

cumprirá incondicionalmente, e a fé

descansa Nele, em perfeita liberdade de

coração. Deus não necessita de qualquer

contribuição da "natureza" para cumprir

Suas promessas. Ele é Auto-suficiente e

por isso, não precisa do nosso auxílio.



Assim sendo, quando nos achamos

"assentados aos pés" do nosso Senhor

podemos deixar de olhar para qualquer

meio natural: E aconteceu que, indo

eles de caminho, entrou Jesus numa

aldeia: e certa mulher, por nome Marta,

o recebeu em sua casa; E tinha esta uma

irmã chamada Maria, a qual, assentando-se

também aos pés de Jesus, ouvia a sua

palavra.Marta, porém, andava distraída

em muitos serviços; e, aproximando-se,

disse: Senhor, não se te dá de que minha

irmã me deixe servir só? Dize-lhe que me

ajude. E respondendo Jesus, disse-lhe:

Marta,Marta, estás ansiosa e afadigada

com muitas coisas, mas uma só é

necessária; E Maria escolheu a boa parte,

a qual não lhe será tirada. Lucas 10: 38-42.



O caminho da fé é um caminho muito simples

e muito estreito. Por um lado, não exalta os

meios; por outro, não os despreza. Existe uma

grande diferença entre o emprego que Deus faz

da criatura para servi-lo, e o emprego que

fazemos do serviço para excluirmos Deus.



No caso de Marta, ela usou o serviço para excluir

o Senhor. Então, onde está a diferença entre Marta

e Maria, se as duas serviram ao Senhor? Marta

serviu ao Senhor do jeito dela, e Maria serviu

ao Senhor do jeito Dele. Adão agiu de forma

semelhante, uma vez que, após a queda, tentou

ser aceito por Deus à sua maneira – do seu

jeito. Temos também o caso de Abel e Caim.

Ambos trouxeram suas ofertas, mas a de Caim

foi rejeitada. Rejeitada por quê? A experiência

se repete. Caim tentou agradar ao Senhor do

seu jeito. No texto que escolhemos como base

para este estudo, podemos verificar que Sara

também agiu do seu jeito e, o resultado foi

desastroso.



O que significa o chamamento de Marta? Marta,

Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas.

Ao chamar a atenção de Marta, o desejo do Senhor

era libertá-la do fervor "natural" – do fervor da

carne. O Senhor quer nos libertar do nosso jeito de

servi-lo. Isto significa que precisamos ser reduzidos

a uma só coisa. O que significa uma só coisa?

Conforme o texto, significa: estar "aos pés de Jesus".



O Senhor não precisa de "Martas"na Sua Igreja.

Isto também fica claro pelo fato de ter Jesus

chamado a atenção de Marta. Marta, Marta,

representa a visão natural. O Senhor não faz

uso dos nossos "dons ou talentos" naturais.

Tudo isto tem que ir para a Cruz. Mas, podemos

perguntar: Quem, então, serviria ao Senhor?

A resposta: As "Marias". Vamos repetir a frase:

Marta serviu ao Senhor do jeito dela, Maria

serviu ao Senhor do jeito dEle.



Marta usou o serviço para excluir o Senhor.

Deus usou os corvos para suprir as necessidades

de Elias, mas Elias não os empregou para excluir

Deus. Maria serviu ao Senhor do jeito Dele, isto

é, Maria foi servida pelo Senhor. E qual foi o jeito

que o Senhor achou para servir Maria? No descanso,

assentada aos pés do Senhor. O coração que está

verdadeiramente confiado em Deus não cogita lançar

mão de seus próprios meios. Apenas espera Nele, na

doce certeza de que, por quaisquer meios que Lhe

agradem, Ele abençoará, proverá e suprirá todas as

coisas.



Maria assentada aos pés de Jesus ouvia a Sua

Palavra. Então, vamos servi-Lo no descanso.

De que maneira Paulo serviu ao Senhor? No

descanso da Graça: Mas pela graça de Deus

sou o que sou; e a sua graça para comigo

não foi vã, antes trabalhei muito mais do que

todos eles; todavia não eu, mas a graça de

Deus, que está comigo. I Corintios 15:10. Toda

ação no serviço ao Senhor, seja na pregação,

no testemunho ou na adoração, deve ser Na Graça.


Há muita coisa sendo dita e sendo feita em

nome do Senhor, sem nenhuma conexão

com Ele. Por isso, se alguém nos diz o que

devemos fazer para sermos salvos ou, que

devemos fazer isso ou aquilo para nos

santificar, não devemos acolher tais sugestões.

"Estas coisas" simplesmente roubam o lugar

de Deus. Roubam a Glória que só é devida a

Cristo.


Se a salvação, ou nosso andar com Deus

depender de: Sermos ou fazermos alguma coisa,

estaremos inevitavelmente perdidos. Graças a

Deus, não é assim, porque o principio fundamental

do Evangelho é que: CRISTO É TUDO EM TODOS.

O homem NADA é. Não há qualquer possibilidade

de mistura entre o homem e Deus. É tudo de Deus

– do começo ao fim. A paz do coração não se assenta

em parte na obra de Cristo e, em parte, na obra do

homem. A nossa paz descansa inteiramente na obra

de Cristo.



O que o nosso Senhor realizou naquela Cruz foi

uma obra perfeita – perfeita para todo o sempre.

A boa nova revelada nas Escrituras nos assegura

que, o que Deus fez por nós e, em nós, é uma

obra simples, perfeita e incondicional. Não

precisamos acrescentar ou agregar nada ao que

é perfeito.


Porém, os falsos mestres querem transtornar tudo.

Querem confundir, querem roubar a Glória de

Deus; querem negar a Graça e o Senhorio do nosso

Senhor Jesus Cristo, conforme está escrito:

Porque se introduziram alguns, que já antes

estavam escritos para este mesmo juízo, homens

ímpios, que convertem em dissolução a graça de

Deus, e negam a Deus, único dominador e Senhor

nosso, Jesus Cristo. Judas 1:4.


Em Cristo encontraremos o perfeito descanso.

E Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe

será tirada.

domingo, 26 de setembro de 2010

Fugindo do farisaísmo.


“Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas!
Vocês dão o dízimo da hortelã, do endro e do
cominho, mas têm negligenciado os preceitos
mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia
e a fidelidade. Vocês devem praticar estas coisas,
sem omitir aquelas. Guias de cegos! Vocês coam
um mosquito e engolem um camelo”.
(Mateus 23.23)




Muitas vezes nos tornamos tão obcecados
com os detalhes que perdemos de vista o
todo.

Entre os muitos problemas que o farisaísmo
enfrentava nos dias de Cristo, perderam a
noção do porquê do serviço a Deus.

Aonde queremos chegar com as nossas
práticas religiosas? Qual o sentido disso
tudo?


Seriam algumas perguntas que eles
poderiam fazer, para não permitirem
que a religião se tornasse tão sem
propósito.



Esse mal continua rondando os religiosos.


Eles vão se especializando em pequenos
detalhes, os pormenores vão exigindo
mais e mais tempo até que chega um
ponto em que o rumo torna-se obscuro.


Quando se perde o nexo, as cerimônias
transformam-se em cerimonialismo, as
leis em legalismo, as tradições em
tradicionalismo.


O ambiente religioso torna-se asfixiante
e os meios mais importantes que os fins.




O fim de tudo o que se faz na igreja deve
levar as pessoas a amarem a Deus.


As organizações religiosas, os sistemas
institucionais e toda ambiência comunitária
não podem deixar de facilitar nossa intimidade
com Ele.


As igrejas devem ser lugar de águas para
os que têm sede de Deus; lugar de pão para
os que estão com fome espiritual; lugar de
misericórdia para os que carregam culpas;
lugar de afetos para os que se sentem órfãos;
lugar de cuidado para os que se sentem
ovelhas necessitando de pastor.


Só se alcança esse objetivo amando a Deus
e só assim fugimos do farisaísmo e nos
tornamos expressão do seu amor.




R. Gondim

LEI DA MORDAÇA: VIDEO C E N S U R A D O!!!!!!

HJ RESOLVEMOS POSTAR O VIDEO DE MOBILIZAÇÃO MUNDIAL SOBRE
A 'LEI DA MORDAÇA'...
PARA NOSSA SURPRESA[OU Ñ] O VIDEO FOI C E N S U R A D O!
POR TER 'CONTEÚDO IMPRÓPRIO'!
TEMOS QUE DIZER MAIS ALGUMA COISA?

MELHOR Ñ! JÁ FOI DITO!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

ESTAMOS DE VOLTA!!!

... Anseio por reuniões que celebrem
a graça, sem paranoias espirituais,
sem alguém tentando infundir culpa
para descansar no inescrutável amor
de Deus.

Quero participar de comunidades
leves, sem as afetações próprias do
glamour do mundo, onde os sorrisos
sejam gratos e os abraços, sinceros.

O caminhar de Jesus não combina
com lugares espetaculosos. Viver
os valores do seu reino prescinde
de holofotes."
[ R . Gondim ]

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Chico Xavier, maior que Jesus Cristo?

Por Rodrigo Ribeiro Rodrigues
27/05/2010 08:52h



Abaixo, uma reportagem extensa da edição de abril da Revista Super
Interessante
sobre o médium Chico Xavier. A reportagem contesta
a veracidade 'dos seus feitos', o que revoltou os seus seguidores. No Brasil,
Xavier, mesmo após a sua morte, é idolatrado por católicos, espíritas e até
mesmo quem não segue religião alguma. A idolatria é tão grande que muitos
o colocam num patamar acima de Jesus Cristo.


Confira a conflitante e revoltante matéria (para os adoradores de Chico
Xavier
) da Super Interessante:



Até hoje chegam chegam cartas a Uberaba, Minas Gerais, endereçadas
a Chico Xavier. Vêm pelo correio ou são jogadas por cima do muro do
centro em que ele trabalhava. Parece que seus autores não se lembram
de que Chico não está lá - morreu há 8 anos. Quer dizer, o homem morreu.
O mito não. Normal para quem, como ele, teve trajetória de superstar. Nos
anos 80, mais de 100 pessoas faziam fila à sua porta todo dia. Nos 90, foi
destinatário recordista de cartas no Brasil: 2 mil por mês. Seus mais de 450
livros venderam 25 milhões de cópias. E sua influência ajudou a tornar o
Brasil o maior país kardecista do mundo, com 20 milhões de fiéis. Em 2 de
abril, Chico completaria 100 anos. Nem após sua morte outro médium
despertou tamanho fascínio. O que Chico tinha de diferente? A SUPER
investigou. E achou uma fórmula com 3 ingredientes. Comecemos por
aquele que foi a origem de toda essa história: as cartas dos mortos.

As cartas


Em 35% das cartas, a assinatura era muito parecida com a do morto,
diz um estudo feito com familiares

É numa gaveta do guarda-roupa que Hilda Braga mantém há 30 anos
a carta do filho Eurípedes, morto aos 21 anos por um aneurisma. A casa
simples da periferia de Uberaba - sem telefone e cheia de eletrônicos
quebrados, como a TV preto e branco - também guardou por um tempo
100 cópias da mensagem. Mas todas já foram distribuídas por Hilda a
amigos e conhecidos. "Mãezinha Hilda, agradeço as suas preces", diz
o texto. "Encontrei na vovó Sinhana a continuação do seu devotamento
de mãe." A mensagem foi escrita pelas mãos de Chico Xavier. Mas Hilda,
hoje uma senhora de 80 anos, não tem dúvida sobre a autoria das palavras.
"Vieram de meu filho."



A declaração é comum no discurso de famílias que receberam alguma
mensagem do além por Chico Xavier. Qual o trunfo do médium capaz
de gerar essa certeza?

Pioneirismo não é. Nos anos 20, a carioca Yvonne do Amaral Pereira já
psicografava receitas do médico Bezerra de Menezes, morto no século 19.
Em Minas, Zilda Gama colocava as mãos sobre os olhos e escrevia livros
com a assinatura de espíritos. Mas os textos dificilmente continham algum
indício que servisse como prova irrefutável da autoria.

Já as psicografadas por Chico tinham indícios: dados familiares aos quais
o médium supostamente não teria acesso. Na assinada por Eurípedes, são
citados a avó Sinhana, o pai, Ibrahim, e um irmão, Vicente. Além dos amigos,
que estavam com ele nos últimos momentos de vida, e da morte pelo
aneurisma.

É um padrão nas cartas de Chico. Nomes de parentes aparecem em 93%
das mensagens analisadas em um estudo da Associação Médico-Espírita
de São Paulo, de 1990. Baseada em entrevistas com 45 famílias para quem
Chico psicografou, a pesquisa também mostrou que a assinatura da carta
era tida como muito parecida com a de seu suposto autor em 35% dos
casos.

"Foi um susto ver nas cartas o nome da babá que trabalhava em casa", diz
a mineira Célia Diniz, que recebeu uma mensagem assinada pelo filho,
morto em um acidente de bicicleta aos 3 anos de idade. Célia representa
o público cativo de Chico: as mães. Atrás de notícias dos filhos mortos,
elas compareciam em massa nos dois centros que Chico teve - o primeiro
em Pedro Leopoldo, cidade mineira onde o médium nasceu, e o segundo
em Uberaba, onde ele virou mito. Chico recebeu até mães famosas, como
a atriz Nair Bello. Ela foi 3 vezes a Uberaba antes de receber, em 1977,
uma mensagem do filho Manoel, morto dois anos antes em um acidente
de carro.

A atração das cartas estava no conforto que traziam. As mães buscavam
consolo, explicação para a perda ou um mero alívio para a saudade. E
encontravam isso nas mensagens. Além das referências familiares, que
davam o ar de autenticidade, as cartas traziam boas notícias sobre o além.
E vinham cheias de expressões reconfortantes. Grande parte começava
do mesmo jeito: "Querida mãezinha".

"Eu estava prestes a enlouquecer quando a primeira carta chegou. Já
havia pedido para ser internada", diz a paulista Sônia Muszkat. Foi em
1979 que Sônia recebeu essa mensagem do filho Roberto, morto aos 19
anos com um choque anafilático após uma cirurgia de desvio de septo.
"Na carta, Roberto descrevia sua morte e pedia que eu não me culpasse",
afirma Sônia. Ela receberia outros 53 textos psicografados por Chico.
Alguns vinham com frases em hebraico - Sônia e o marido são judeus.
Roberto não falava o idioma, mas Chico dizia ao casal que ele estava
aprendendo em uma colônia judaica no mundo espiritual. David, o pai
de Roberto, chegou a desconfiar da história. Mas acabou convencido.
"Em uma das sessões de psicografia, um cheiro delicioso de gardênias
invadiu a sala. Depois veio uma mensagem assinada por Roberto:
mãezinha querida, dedico essas flores a você."

Assim como Roberto, muitos desconfiaram das informações que apareciam
nas cartas. E desconfiam até hoje.

A rotina nas sessões de psicografia era assim: Chico se sentava à cabeceira
da mesa, todas as sextas e sábados. Psicografava 4 ou 5 cartas de parentes
de alguns sortudos entre as dezenas de presentes à sessão. Segundo Chico,
ele não podia escolher quem seria atendido - apenas os próprios espíritos.
"O telefone só toca de lá para cá", dizia. Quem entrava na fila deixava o
nome em uma lista de espera e podia até acompanhar as sessões de
psicografia, mas sem garantias. Daí a estupefação das famílias quando Chico
lia em voz alta uma mensagem cheia de referências à família e a situações
vividas pelo morto.

Mas há quem diga que Chico tinha um jeito de conseguir os
dados.
"Funcionários do centro espírita iam à fila pegar detalhes
dos mortos.
Ou aproveitavam as histórias relatadas por parentes
nas cartas em que
pediam uma audiência. As mensagens de Chico continham essas informações", diz o médico Waldo Vieira, com quem
Chico dividiu o trabalho no centro entre 1955 e 1969. A dupla psicografava
junto: quando um terminava de escrever as frases no papel, o outro assumia
o lápis. "Os dois produziam textos complementares assinados pelo mesmo
autor", diz o jornalista Marcel Souto Maior em As Vidas de Chico Xavier.
A parceria acabou nos anos 60, quando Vieira continuou seus estudos de
medicina no exterior. Hoje ele vive em Foz do Iguaçu, onde fundou um centro
de estudos religiosos.



Gente como Célia Diniz e Sônia Muszkat diz não ter fornecido qualquer
dado a Chico. Mas a pesquisa da Associação Médico-Espírita de
São Paulo
indica que Chico fazia uma entrevista - de até 10
minutos - com famílias
que participariam das sessões de
psicografia.
Aconteceu com a do engenheiro paulista Mauricio Lopes,
de 38 anos. Nos anos 70, seu irmão de 9 anos foi atropelado e morto. A
família foi várias vezes a Uberaba atrás de ajuda. "Chico perguntou a
minha mãe detalhes da morte e nomes de parentes. E tudo foi citado na
carta depois", diz Maurício.

Mas será que Chico era o líder de um grupo que saía à caça de dados de
mortos? O filho adotivo do médium, Eurípedes Higino dos Reis, garante
que não: "Chico conversava com cerca de 60 pessoas toda semana, mas
sobre vários assuntos. Elas pediam conselhos financeiros, falavam sobre
doenças. Nunca vi funcionários questionarem famílias desde que comecei
a cuidar do centro em 1975".

Até hoje poucos estudos tentaram verificar a autenticidade da psicografia
de Chico. Um dos que mais avançaram, conduzido hoje pela Federação
Espírita Brasileira, aponta que os textos podem ser genuínos. A prova
seriam fatos históricos que Chico dificilmente conheceria, mas aparecem
em alguns de seus textos

O fato é que as cartas ganharam credibilidade, inspiradas por fontes do
além ou terrenas. Até serviram como prova em 3 julgamentos - e absolveram
um empresário acusado de homicídio. (Chico psicografou uma mensagem
da vítima dizendo que a morte havia sido acidental.) As cartas geraram mais
fé do que desconfiança. A verdadeira polêmica surgiria no outro filão do
médium: os romances.

AS VOZES


Algumas das mensagens que Chico disse ouvir. E os dados que as tornam
tão impressionantes.

"Tenho procurado melhorar, a fim de auxiliar ao papai Ibrahim e aos
irmãos Vicente e os outros dois, que perfazem um trio de bênçãos para
a nossa casa."

Carta de Eurípedes Braga, psicografada em fevereiro de 1981.

"Rogo a Ricardo preparar-se com atenção para colocar o tefiliN com o
êxito necessário e habilitar-se para recitar com clareza o Sidur."

Carta de Roberto Muszkat, setembro de 1980. O texto cita as caixas de
couro e um livro usados nas rezas judaicas.

"Mamãe Elvira, você se lembrará de quantas faixas precisei para suportar
as queimaduras."

Carta de Ericson Fábio Diniz de Oliveira, abril de 1985. Ericson morreu
por causa de queimaduras sofridas em um acidente com tíner.

"Sou eu, o Tetéo.Vovô me auxilia a escrever, porque estou aprendendo."

Carta de Rangel Diniz Rodrigues, novembro de 1984. Rangel morreu
antes de ser alfabetizado, aos 3 anos de idade.

"O carro deslizou sem que eu pudesse controlá-lo. A manobra infeliz
veio fatal e com tamanha violência que a idEia de suicídio não devia vir
à baila."

Carta de Manoel Francisco Neto, psicografada em junho de 1977.
Manoel era filho da atriz Nair Bello e morreu em um acidente de
carro.



A polêmica


Show de materialização de espíritos e truques para incrementar as
sessões de psicografia. O lado pirotécnico de Chico Xavier provocou
desconfiança. E atraiu de vez a atenção da mídia.

A carreira literária de Chico começou cedo. Aos 22 anos, ele publicava
Parnaso de Além-Túmulo, um livro com poesias psicografadas de nada
menos do que 14 poetas célebres, do Brasil e de Portugal. Uma estreia
inspirada por um conselho vindo da mãe de Chico. Da finada mãe de
Chico.

Chico tinha acabado de entrar em contato com o espiritismo.
Aos 17 anos, Francisco Cândido Xavier - seu nome completo,
pelo qual ainda era conhecido - acompanhou uma irmã doente
a um tratamento espírita em Pedro Leopoldo (cidade em que
morava com os pais e os 15 irmãos). Lá, conheceu a obra de
Allan Kardec. E foi incentivado por líderes espíritas a psicografar.
Logo nas primeiras cartas psicografadas, veio a carta de sua mãe,
morta quando o médium tinha apenas 5 anos de idade. Ela pedia
que Chico se aprofundasse no espiritismo.

Chico seguiu o conselho. Em grande estilo. Ele dizia que não
escolhia os espíritos a quem atenderia, só via fantasmas e ouvia
vozes. Mas parecia ser o escolhido pelas celebridades do céu. Cruz
e Sousa, Olavo Bilac, Augusto dos Anjos e Castro Alves lhe ditaram
versos e prosa. O material viraria o Parnaso.

No mundo de poesias espíritas, ninguém havia publicado um livro
invocando tantos nomes importantes do além. O lançamento colocou
Chico Xavier sob os holofotes. Não só porque ele dizia que gente da
Academia Brasileira de Letras estava agora escrevendo por uma via
pouco ortodoxa. Mas porque o rapaz de 22 anos tinha produzido obras
razoavelmente fiéis ao estilo dos autores que as assinavam. E sem ter
tido uma educação formal. Chico havia estudado até a 4ª série do
primário. Deixou o colégio aos 13 anos, porque havia começado a
trabalhar - primeiro em uma fábrica de tecidos, depois como caixa
de um armazém.

A história dividiu o mundo da literatura. Alguns desconfiavam de
que tudo não passava de uma fraude. A viúva de Humberto de
Campos até tentou na Justiça, sem sucesso, levar os direitos
autorais sobre as obras psicografadas do marido. Mas outros o
defendiam. "Se Chico Xavier

A desconfiança dos críticos tinha motivo. Apesar de não ter ido longe
na escola, Chico foi autodidata e leitor voraz durante toda a vida.
Colecionou cadernos com recortes de textos e poesias. Comprou livros
de sebos em São Paulo. Em sua biblioteca, preservada até hoje em
Uberaba, há mais de 500 livros e revistas, com obras em inglês, francês
e até hebraico. A lista inclui volumes de autores cujo espírito o teria
procurado para escrever suas obras póstumas, como Castro Alves e
Humberto de Campos.

O debate em torno dos romances colocou Chico na mídia. "Foi aí que
ele ficou conhecido", diz Nestor João Masotti, presidente da Federação
Espírita Brasileira. Pesquisadores começaram a bater à porta do médium.
Em 1939, até cientistas russos tentaram estudar seus poderes. "Mas Chico
recusou, dizendo que seu guia espiritual Emmanuel não autorizava", diz
Souto Maior em seu livro.

Das investidas da imprensa ele não escaparia. Eles queriam explicações
não só para a linha direta que Chico dizia ter com as celebridades do outro
lado, mas também para alguns shows que o médium andava fazendo por
aí.

produziu tudo aquilo por conta própria, merece quantas cadeiras quiser na
Academia Brasileira de Letras", declarou Monteiro Lobato.



A pirotecnia


O que você veria se estivesse na plateia de Chico Xavier na década
de 1940? Pra começar, um médium sentado em frente a uma cortina,
a cerca de 10 metros dos espectadores. Luzes coloridas surgiriam detrás
do pano. Um cheiro de éter encheria a sala. Lentamente, vultos brancos
apareceriam - os médiuns explicavam que eram espíritos que haviam
se materializado. "Muitas vezes a plateia podia até tocá-los e tirar fotos",
afirma o médico espírita Eurípedes Tahan, que por mais de 30 anos
acompanhou Chico em Uberaba e participou de várias dessas reuniões.
Em alguns casos, o médium expelia uma pasta branca da boca, do nariz
e dos ouvidos. Seria o ectoplasma, um produto da energia dos espíritos,
considerado prova material da existência do além.

Os personagens principais da noite eram médiuns de outras cidades,
acostumados a rodar o país com seus shows. Mas, em algumas delas,
o próprio Chico emprestava seus poderes para a materialização. Ficava
sentado em concentração enquanto os espíritos surgiam por detrás do
pano. Registre-se: materializar uma pessoa, ou fazer surgir massa do
nada equivalente a um homem de 70 quilos, não seria tarefa fácil. Seria
necessário produzir um total de energia duas vezes maior do que é hoje
produzido pela hidrelétrica de Itaipu por ano, segundo os cálculos feitos
por especialistas e exibidos por reportagens sobre Chico nos anos 70.

Com shows como esses, Chico foi ficando famoso, graças a reportagens
como uma publicada em 1944 por O Cruzeiro, então a revista mais
importante do país. Mas ele ganharia manchetes mais bombásticas uma
década depois. No fim dos anos 50, Amauri Pena Xavier, sobrinho do
médium que também psicografa, deu uma entrevista ao jornal Diário de
Minas - dizendo-se uma farsa. "Aquilo que tenho escrito foi criado pela
minha própria imaginação", declarou. Só que o rapaz, de 25 anos à época,
também insinuou que as cartas produzidas por Chico Xavier poderiam
ser uma fraude. "Assim como tio Chico, tenho enorme facilidade para fazer
versos, imitando qualquer estilo de grandes autores. Com ou sem auxílio
do outro mundo, ele vai continuar escrevendo seus versos e seus livros."

Pegou mal para o tio. Mesmo depois que o sobrinho, denunciado como
alcoólatra pelo próprio pai, pediu desculpas publicamente pelo que disse.
Chico respondeu: "Não recebi as palavras dele como acusação nem desafio.
Tenho a felicidade de possuir amigos que, em matéria religiosa, não
possuem a mesma convicção que eu". Acuado pelas críticas na Pedro
Leopoldo de 15 mil habitantes, Chico resolveu fazer as malas e partir
para Uberaba, um polo do espiritismo onde contaria com o apoio de
amigos. Mas não adiantou muito.

A imprensa seguiu na cola. Em 1971, um repórter da revista Realidade,
José Hamilton Ribeiro, visitou as sessões de psicografia. E denunciou:
tinha truque ali. "Meu fotógrafo viu um dos assessores de Chico
levantar
o paletó discretamente e borrifar perfume no ar. As
pessoas pensavam que
o perfume vinha dos espíritos", diz Ribeiro.
Os questionamentos colocavam Chico cada vez mais em evidência no
país. E o prepararam para aquela que seria sua prova final na mídia,
também em 1971: o programa Pinga-Fogo, da TV Tupi.

Por quase 3 horas, o médium foi bombardeado por perguntas.
Mas se safou. "Não me constam que obras complexas como a
de Platão e Aristóteles tenham sido psicografadas. Não seria por
causa da dificuldade?", questionou João de Scantimburgo, respeitado
escritor da Academia Brasileira de Letras e homem católico. Chico
respondeu: "Com todo respeito ao senhor, eu me permitiria
perguntar se eles também não seriam médiuns". Assim Chico
driblou os ataques. Disse estar sendo ajudado pelo guia Emmanuel.
Foi um recorde de audiência: 75% dos televisores paulistas ficaram
ligados no programa até as 3 horas da manhã. A entrevista rendeu
retransmissão para 4 emissoras em rede nacional. Estava pronto o
mito Chico Xavier.

A POLÊMICA HOJE


Ainda tem gente tentando entender os fenômenos de Chico,
vasculhando as referências históricas e literárias que ele deixou
em seus livros.



Literárias


Chico poderia ter plagiado obras. É o que investiga o espírita Vitor
Moura, criador do site Obras Psicografadas. A tese é baseada na
comparação entre textos. Como esta:

• "Ao norte, os barrancos cobertos de neve do Hermon se recortam
em linhas brancas no céu; a oeste, os planaltos ondulados da
Gaulonítida e da Pereia." Vida de Jesus, do filósofo Ernest Renan.

• "Ao norte, as eminências nevosas do Hermon figuravam-se em
linhas alegres e brancas, divisando-se ao ocidente as alevantadas
planícies da Gaulanítida e da Pereia." Há Dois Mil Anos, de Chico
Xavier
.

Históricas


A Federação Espírita Brasileira está avaliando citações históricas
que aparecem nos romances de Chico. Pelo que já foi apurado, os
pesquisadores defendem que as cartas podem mesmo ter vindo do
além. "Alguns relatos são tão detalhados que Chico não os faria nem
com a ajuda das melhores bibliotecas", afirma Gilberto Trivelato,
coordenador do estudo. "Um deles diz que a Catedral de Notre-Dame,
em Paris, tinha escadas. Hoje ela não tem. Mas, se você pesquisar a
fundo, descobre que no século 19 tinha, por causa de enchentes."

A CIÊNCIA E CHICO XAVIER


Palavras do outro mundo? Fraude? Nem um nem outro. Para cientistas,
a explicação pode estar num meio-termo.

Psicose


Nada de espíritos - por essa tese, as cartas seriam produzidas pelo
próprio Chico. Só que ele não se lembraria disso. É como se fosse
uma ação do inconsciente, ou de uma outra personalidade que ele
assumiria. "A mente deixaria de ser única e vários pedaços assumiriam
vida autônoma", afirma o psiquiatra Alexander Moreira de Almeida.
"Mas fizemos testes com 115 médiuns, e eles têm uma sanidade
mental acima da média da população", diz.

Epilepsia


Nos anos 70, a revista Realidade publicou a cópia de um
eletroencefalograma do cérebro de Chico Xavier. Sem saber
o nome do paciente, um médico analisou o exame e concluiu:
havia ali uma descarga elétrica anormal, capaz de provocar uma
convulsão. "Poderia causar alheamento, sensação de ausência,
automatismo psicomotor", afirmava o médico Juvenal Guedes.

Criptomnésia


Um distúrbio de memória que faz com que as pessoas se esqueçam
de que conhecem uma determinada informação. Os dados que Chico
colocava nas cartas seriam apenas lembranças escondidas em seu
próprio subconsciente. "Mas não há exame que detecte memórias
falsas. Para evocá-las, o cérebro usa exatamente o mesmo mecanismo
das verdadeiras", explica o neurologista Ivan Izquierdo, especialista
em memória da PUC do Rio Grande do Sul.

Telepatia


Tem cientista que acredita que Chico poderia captar, inconscientemente,
as memórias do morto - só de conversar com um parente dele. "O médium
poderia usar poderes considerados paranormais para captar informações
direto da cabeça das pessoas", afirma o psiquiatra Almeida. Até hoje, no
entanto, a telepatia ainda não foi provada pela ciência.

O carisma


Órfão Maltratado na infância, um piadista quando adulto, vítima
de UMA SÉRIE DE doenças na velhice. Não foi à toa que Chico
Xavier
conquistou a compaixão de todo o país.

"Em 1931, o espírito do poeta Augusto dos Anjos sentia muita
dificuldade em escrever por meu intermédio. Na época eu
trabalhava em um armazém e cuidava de uma plantação de alho.
Os espíritos começavam a conversar comigo. E então ele ditou
uma poesia, chamada Vozes de uma Sombra. Começou a falar
com aquelas palavras maravilhosas, muito técnicas. Eu com o
regador na mão e custava a compreender. Quem era eu pra
entender aquilo, que estava aguando canteiro de alho?", contava
com jeitinho mineiro, fazendo a plateia do Pinga-Fogo gargalhar.
Chico era um piadista. Mas não só o humor deu o carisma que o
acompanharia até o fim da vida. Chico Xavier era visto como um
mártir, acima de tudo.

A começar por sua história antes de virar o médium que o país
conheceu. Mineiro de família pobre, Chico dizia ouvir espíritos
aos 5 anos de idade. Afirmava conversar com a mãe, recém-falecida.
Da madrinha, com quem morava, ouviu um diagnóstico: estaria
louco. E ganhou uns corretivos: garfadas (isso, golpes com garfo
mesmo) no abdome. Rita de Cassia, a madrinha, ainda o obrigava
a lamber as feridas de um primo, pra não falar mais daquelas
maluquices de além. Órfão, mal-tratado e obrigado a trocar a
escola pelo trabalho: assim era o pequeno Chico Xavier. Pelo
menos na visão que Clementino de Alencar, jornalista de O Globo,
passou em uma das primeiras reportagens sobre o médium, de 1935.
Ela serviria como base para muitas das biografias já lançadas sobre
Chico, e ajudaria a perpetuar a imagem de sofredor atribuída ao
médium. Mesmo que detalhes da história tenham sido mais tarde
desmentidos, como a versão de que Chico não era letrado.



Contribuiu para essa imagem uma política adotada por Chico desde
sua primeira obra: doar todo o dinheiro conseguido com os direitos
autorais de seus livros às editoras espíritas que os publicavam - e
que costumavam manter instituições assistenciais. Ele nem assinava
as obras. A autoria ficava em nome do espírito que teria ditado as
palavras, como André Luiz e Emmanuel, os mais frequentes. "Os
livros não me pertencem. Não escrevi nada. Eles escreveram", dizia.
Se tivesse ficado com os direitos autorais, Chico teria levado uma
bolada: 2,1 milhões de cruzeiros por ano, o suficiente para comprar
160 fuscas na época e equivalente a R$ 670 mil hoje. O cálculo foi
feito nos anos 70 por especialistas, considerando uma venda de 300
mil livros por ano. Com a doação, Chico ajudou mais de 2 mil
instituições do país, segundo seus assessores.

Desde 1960, quando se aposentou, Chico vivia com uma pensão de
funcionário público (trabalhou como escrivão e datilógrafo no
Ministério da Agricultura). Sua casa em Uberaba, preservada pelo
filho Eurípedes, tinha um portão de quase 3 metros de altura para
impedir que os mais fanáticos a invadissem. Por dentro era simples:
tinha móveis baratos de madeira corroídos e decoração feita com
presentes dos amigos (bordados, mantas, placas, quadros). Está lá
também a coleção com mais de 40 boinas, que Chico usava para
esconder a careca (e que substituiriam as perucas).

O médium também aparecia sob os olhos do país como um homem
de saúde frágil. Ainda em seus 20 anos, quando já passava horas em
sessões de psicografia à luz de velas, Chico descobriu uma catarata no
olho direito. Depois dos 60, sofreu com pressão alta, uma hérnia e um
tumor na próstata, que ele se recusou a operar com Zé Arigó, o amigo
médium que dizia receber o médico Dr. Fritz. Em junho de 2001, quando
se acreditava que estaria à beira da morte por causa de uma pneumonia
nos dois pulmões, Chico conseguiu se salvar. E o Brasil inteiro comentou
o que parecia um milagre.

Uma imagem captada pela TV Globo mostrou um raio de sol entrando
no quarto do medium exatamente no dia em que Chico teve uma melhora
repentina. "Ele já vinha tomando antibióticos havia 4 dias quando, de
repente, começou a se recuperar", diz Eurípedes Tahan, o médico então
responsável por Chico, e também amigo do médium. Dois dias depois,
Chico recebia alta do hospital. Providência divina ou resultado dos
remédios? Ninguém cravou a resposta. Mas o vídeo do episódio
continua sendo visto até hoje pelos brasileiros no YouTube - tem mais
de 100 mil visualizações.

Chico morreu em 2002, aos 92 anos, cumprindo uma profecia sua.
"Só vou morrer no dia em que o Brasil todo estiver feliz", dizia Chico.
E morreu mesmo. O médium teve uma parada cardíaca no dia 30 de
junho, horas antes de o Brasil ganhar a Copa do Mundo de Futebol.
Cerca de 120 mil pessoas foram a seu enterro, formando uma fila de
4 quilômetros e 3 horas de espera. O então presidente Fernando
Henrique Cardoso emitiu uma nota lamentando a ida daquele que
era "um grande líder espiritual e uma figura querida e admirada pelo
Brasil inteiro".



Assim que Chico morreu, vários documentos que ele guardava
- em geral cartas de pessoas que escreviam para ele - foram
queimados por seu filho adotivo, Eurípedes Higino. Foi um
pedido do pai em testamento. "Ele achava que era necessário
para não dar nenhuma confusão para ninguém no futuro", diz.
O filho também cuida da marca que se criou em torno de Chico
Xavier
Chico Xavier, nos cinemas brasileiros a partir de abril).
O trabalho de Chico continua hoje nas mãos de outros médiuns,
como seu colega e seguidor Carlos Bacelli, que atrai centenas de
fiéis por semana a suas sessões de psicografia em Uberaba (há
excursões toda semana saindo de São Paulo e do Rio de Janeiro).
Bacelli inclusive diz receber mensagens do próprio Chico Xavier.
E não é o único. "Mais de 20 médiuns já disseram ter psicografado
textos de Chico", diz Higino. "Tudo mentira. Chico disse que não
voltaria tão cedo." Como ele tem tanta certeza? O pai teria deixado
um código, conhecido apenas por Higino e por Tahan, para ser
identificado caso resolvesse mandar um alô para o mundo dos
vivos. "Continuaremos esperando", diz o filho.



Com informações
de Revista Super Interessante/ OGalileO