Carta para os jovens que transam com suas namoradas
Grande amigo Escobar, ontem estive com os jovens da sua
igreja e tive a oportunidade de rever o Julio, aquele brother
em comum. Aliais não lhe encontrei. Julio me disse que você
e a Silvia, sua namorada, tinham saído com a turma da
comunidade para um acampamento no fim de semana e que
só regressariam nessa segunda bem cedo.
Eu e Julio saímos para comer um Mczinho após o culto e
falamos sobre você. Julio e seu parceiro e abriu seu coração.
Ele realmente está muito preocupado com você,
desde que você disse a ele que tem ido com a Silvia
para vários motéis da cidade e às vezes até mesmo
depois do culto no sábado à noite. Ele falou que já teve
várias conversas com você, mas que você tem argumentado
defendendo o sexo fora do casamento como se fosse normal
e que pretende casar com Silvia quando terminarem a faculdade
de moda.
Ele pediu minha ajuda, para que eu trocasse uma idéia com
você, e disse que poderia mencionar essa conversa no McDonalds.
Não queria, pois acho que é o pastor da sua comunidade que
deva tratar desse assunto. Você e a Silvia, afinal, são membros
dessa igreja e estão debaixo da orientação espiritual dela. Mas
o Julio me disse que o pastor faz de conta que não sabe
que essas coisas estão acontecendo com os jovens da
igreja. Como sou amigo da sua família faz muitos anos, desde
que vocês freqüentaram minha igreja em São Paulo, resolvi,
então, escrever para você sobre esse assunto, tendo como base
os argumentos que você usou diante de Escobar para justificar
sua ida a motéis com a Silvia.
Se entendi direito, você argumenta que não há nada na
Bíblia que proíba sexo fora do casamento. Lógico, não há
uma passagem bíblica que diga “não farás sexo antes do casamento;”
mas existem dezenas de outras que expressam essa verdade
com outras palavras e de outras maneiras. Podemos começar
com aquelas que pressupõem o casamento como sendo o procedimento
padrão, legal e estabelecido por Deus para pessoas que desejam viver
juntas será que eu preciso colocar os versículos?
Vou colocar para casa você não acredite em mim (veja Mateus 9:15;
24:38; Lucas 12:36; 14:8; João 2:1-2; 1Coríntios 7:9,28,39),
aquelas que abençoam o casamento (Hebreus 13:4) e aquelas que
se referem ao divórcio – que é o término oficial do casamento –
como algo que Deus aborrece (veja Malaquias 3:16; Mateus
5:31-32).
Podemos incluir ainda aquelas passagens contra os que proíbem
o casamento (1Timóteo 4:3) e as outras que condenam o adultério,
a fornicação e a prostituição (veja Mateus 5:28,32; 15:19; João
8:3; 1Coríntios 7:2; 6:9; Gálatas 5:19; Efésios 5:3-5;
Colossenses 3:5; 1Tessalonicenses 4:3-5; 1Timóteo 1:10;
Hebreus 13:4; Apocalipse 21:8; 22:15).
Qual a referencia que nos possibilita caracterizar esses comportamentos
como desvios, impureza e pecado? O casamento, naturalmente. Adultério,
prostituição e fornicação, embora tendo nuances diferentes, têm em comum
o fato de que são relações sexuais praticadas fora do casamento.
Se o casamento, que implica num compromisso formal e legal entre um
homem e uma mulher, não fosse a situação normal onde o sexo pode ser
desfrutado de maneira legítima, como se poderia caracterizar como desvio
o adultério, a fornicação ou a prostituição? A Bíblia considera essas
coisas como pecados e coloca os que praticam a impureza
sexual e a imoralidade debaixo da condenação de Deus – a
menos que se arrependam, é claro, e mudem
de vida.
Cara você argumenta também que o casamento é uma conveniência
humana e que muda de cultura para cultura. Bom, é certo que o
casamento tem um caráter social, cultural e pessoal. Todavia, do
ponto de vista bíblico, não se pode esquecer que foi Deus quem
criou o homem e a mulher, que os juntou no jardim, e disse que
seriam uma só carne, dando-lhes a responsabilidade de constituir
família e dominar o mundo. O casamento é uma instituição divina
a ser realizada pelas sociedades humanas. Embora as culturas
sejam distintas, e os rituais e procedimentos dos casamentos
sejam distintos, do ponto de vista bíblico o casamento implica
em reconhecimento legal daquela união por quem de direito,
trazendo implicações para a criação e tutela dos filhos, sustento
da casa e também responsabilidades e conseqüências em caso
de separação e repúdio. Quando duas pessoas resolvem ir morar
juntas como se fossem casadas, essa decisão não faz delas pessoas
casadas diante de Deus – mas (desculpe a franqueza), pessoas
que estão vivendo em imoralidade sexual.
É verdade que a legislação de muitos países tem cada vez mais
reconhecido as chamadas uniões estáveis. É uma triste constatação
que o casamento está cada vez mais sendo desvalorizado na sociedade
moderna ocidental. Todavia, esses movimentos no mundo e na cultura
não são a bússola pela qual a Igreja determina seu norte – e sim a
Palavra de Deus. Em muitas culturas a legislação tem sancionado
coisas que estão em contradição com os valores bíblicos, como
aborto, eutanásia, uniões homossexuais, uso de drogas, etc.
A Igreja deve ter uma postura crítica da cultura,
tendo como referencial a Palavra de Deus, não
amar ao pecado mas sim o Pecador.
O Julio me disse ainda que você considera que o mais importante
é o amor e a fidelidade, e que argumentou que tem muita gente
casada mas infeliz e infiel para com o cônjuge. Julio cara isso é um
jogo perigoso tentar justificar um erro com outro.
Gente casada que é infiel não serve de
desculpas para quem quer viver com
outra pessoa sem se casar com ela.
Além do mais, como pode existir o conceito de fidelidade numa
união que não tem caráter oficial nem legal, e que não teve
juramentos solenes feitos diante de Deus e das autoridades
constituídas? Mesmo que você e sua namorada façam uma
“cerimônia” particular onde só vocês dois estão presentes e
onde se casem a si mesmos diante de Deus – qual a validade
disso?
As promessas de fidelidade trocadas por pessoas não casadas
têm tanto valor quanto um contrato de gaveta. Lembre inclusive
que não é a Igreja que casa, e sim o Estado. Naqueles casamentos
religiosos com efeito civil, o pastor ou padre está agindo com
procuração do juiz.
Cara não posso deixar de mencionar aqui que na Bíblia o
casamento é constantemente referido como uma aliança
(veja Ezequiel 16:59-63). Deus é testemunha dessa
aliança feita no casamento, a qual também é chamada de
“aliança de nossos pais”, uma referência ao caráter público
da mesma (não deixe de ler Malaquias 2:10-16).
Não fiquei nem um pouco surpreso com seu outro
argumento para fazer sexo com sua namorada, que foi
“é importante conhecer bem a pessoa antes do
casamento”. Já ouvi esse argumento dezenas de vezes.
E sempre o considerei uma burrice – mais uma vez, desculpe
a franqueza.
Em que sentido ter relações sexuais com sua
namorada vai lhe dar um conhecimento dela
que servirá para determinar se o casamento vai
dar certo ou não? Embora o sexo seja uma parte
muito importante do casamento, o que faz um
casamento funcionar são os relacionamentos
pessoais, a tolerância, a compreensão, a renúncia,
o amor, a entrega, o compartilhar… Você pode
descobrir antes do casamento que sua namorada
é muito boa de cama, mas não é o desempenho
sexual de vocês que vai manter ou salvar seu
casamento. Esse argumento parte de um equívoco
fundamental com relação à natureza do casamento
e no fim nada mais é que uma desculpa tola para
comerem a sobremesa antes do almoço.
Agora, o pior argumento que ouvi do Julio foi que você disse
“a graça de Deus tolera esse comportamento.” Acho
esse o pior argumento porque ele revela uma coisa séria em
seu pensamento, que é tomar a graça de Deus como
desculpa para um comportamento imoral.
Esse sempre foi o argumento dos libertinos ao longo da história
da igreja. O escritor bíblico Judas, irmão de Tiago, enfrentou os
libertinos de sua época chamando-os de “homens ímpios, que
transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam
o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo” (Judas 4).
Esse é o caminho de Balaão “o qual ensinava a Balaque a armar
ciladas diante dos filhos de Israel para comerem coisas
sacrificadas aos ídolos e praticarem a prostituição”
(Apocalipse 2:14).
É a doutrina da prostituta-profetisa Jezabel, que seduzia os
cristão “a praticarem a prostituição e a comerem coisas
sacrificadas aos ídolos” (Apocalipse 2:20) e a conhecer
“as coisas profundas de Satanás” (Apocalipse 2:24).
Como seu amigo e pastor, permita-me exortá-lo a cair fora
dessa maneira libertina de pensar, Escobar, antes que sua
consciência seja cauterizada pelo engano do pecado
(Hebreus 3:13). Ainda há tempo para arrependimento e
mudança de atitude. A abstinência sexual é o caminho
de Deus para os solteiros, e esse estilo de vida é
perfeitamente possível pelo poder do Espírito, ainda
que aos olhos de outros seja a coisa mais careta e
retrógrada que exista.
Se você realmente pensa em casar com a Raquel e constituírem
família, o melhor caminho é pararem agora de ter relações
e aguardarem o dia do casamento. Vocês devem confessar
a Deus o seu pecado e um ao outro, e seguir o caminho da abstinência,
com a graça de Deus.
Augustus Nicodemus / Versão atualizada Sxc
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